sábado, 9 de julho de 2016

Correspondência de Newton Lobo


SERTÃO EM DESENCANTO REPERCURTE NA IBIAPABA, BERÇO DO ESCRITOR JOÃO MIGUEL DA FONSECA LOBO

Durante a pesquisa que empreendi para resgatar as raízes genealógicas de meus clãs familiares, que resultaram no livro “Sertão em Desencanto – Gênesis Sertaneja” tomei conhecimento da obra do escritor cearense João Miguel da Fonseca Lobo, que vem a ser irmão da minha trisavó Luzia Geracina da Fonseca Lobo, mãe de Francisca Geracina Viana Lobo, minha bisavó, casada com Francisco de Assis Viana, pais do meu avô Miguel, que era mais conhecido pelo apelido de Caboclo Viana.
A ponta do iceberg foram anotações recolhidas pelo primo Galileu Viana Chagas Filho, sobre a origem dos Lobos que se entrelaçaram com os Martins-Vianna em meados do Século XIX. A partir dessa pista, acabei encontrando o blog PIANO CLÁSSICO, mantido por Newton Lobo, músico residente num recanto da belíssima Serra da Iibiapaba, dedicado também à agricultura e ao automobilismo.
O contato com Newton Lobo criou uma empatia imediata e uma troca de informações muito valiosas. Tomei conhecimento, por exemplo, da existência dos livros A hipotipose do Mundo; A camponesa e Jesus e Madalena, todos da autoria do nosso antepassado João Miguel da Fonseca Lobo, filósofo, escritor e pesquisador que é considerado o "Einstein do Ceará". 
Lendo o Dicionário Bio-Bibliográfico do Barão de Studart, eu soube, por exemplo, que Fonseca Lobo, ainda adolescente, veio com um comércio ambulante de fazendas para a Serra do Machado (atual Itatira) na companhia de um padre (para quem trabalhava como sacristão) e de uma irmã professora que acabou se fixando na região. Essa irmã professora era justamente Luzia Geracina da Fonseca Lobo, que casou-se com um membro do clã Martins-Vianna, oriundo de Sobral e Santa Quitéria.
Ao enviar um exemplar do livro para Newton Lobo, recebi dias depois essa resposta por e-mail, que soa como uma espécie de recompensa pelo trabalho hercúleo que desenvolvi ao longo de mais de cinco anos, para resgatar a história de nossos antepassados numa linguagem meio romanceada. Segundo Newton, é uma nova forma de se escrever GENEALOGIA sem ser repetitivo e maçante. Vejamos o seu depoimento integral, da maneira como me foi enviado, via e-mail:


Livros de João Miguel da Fonseca Lobo, organizados por
Moisés Rodrigues Pereira.


Olá caro primo Arievaldo.

 Desculpe a demora em contatá-lo.
 Li o fabuloso Sertão em Desencanto em dois ou três dias, antigamente o faria em apenas uma noite mas, até as noites e madrugadas estão hoje comprometidas com um trabalho contínuo e estafante, enfim...
 Caro Ari, a partir dos primeiros parágrafos, "sorvi" Sertão em Desencanto com uma avidez e sofreguidão só justificáveis a um sedento, um sequioso de conhecimento, mas, advirto, não tenha essas palavras como resultado de lisonjarias ou bajulices, primeiramente porque ninguém melhor que você sabe da grandeza de seu próprio trabalho, segundo porque bajulação é mercadoria de nenhum valor para mim, não só agora neste estágio em que me encontro mas como sempre o foi, nessa jornada de mais de meio século.
 Arrisco no palpite em que você concorda comigo que esse negócio de genealogia é realmente um negócio perigoso, por chato que é, concorda? Até para os familiares envolvidos é enfadonho aquelas intermináveis listas de parentes e contra parentes, aqueles intermináveis e repetitivos nascimentos e falecimentos...
 Estou tentando mas não consigo lembrar-me do nome do antropólogo francês que afirmou "o homem é a mais fascinante matéria de pesquisa, pelo menos para ele mesmo". É, genealogias são perigosamente maçantes, até para os próprios membros da família retratada, e foi talvez por isso mesmo que tive uma tão grande e tão gratificante surpresa, jamais esperei uma genealogia tão cheia de História, e história da boa, Nordestinamente universal, tão cheia de emoção, de sentimento tão profundo pelas coisas do nosso Sertão Equatoriano imortal. Outrossim, atrevo-me e devo reconhecer que a grandeza das figuras (famílias) estudadas e retratadas deram uma "ajudazinha" mais que salutar ao autor, que usando de sua grande afinidade com as letras aliada às peculiaridades dessas grandes famílias, construiu com maestria, não uma simples genealogia e sim um belo tratado de História.
 Através do Sertão em Desencanto pude travar conhecimento, "criar e consolidar" amizades com figuras tão ímpares como o grande sertanejo Fitico, detentor de uma sublimidade fantástica, provada cabalmente na "História do Boi Vermelhinho" toda narrada na "primeira pessoa", na pessoa do Boi... Inda acabei descobrindo que nos recônditos mais ocultos de nossas artérias, corre a junção de nosso sangue, unido à partir de seu bisavô Pai Chico e minha tia bisavó Geracina Lobo... Me vi lá, naquele exato momento, a viver e compartilhar o "Sertão dos homens de opinião", meus e seus antepassados tão presentes! Emocionante pertencer a uma tão bela estirpe!
 Caro primo, agradeço imensamente a menção imerecida ao meu nome, pois na verdade não contribuí em nada para seu belo trabalho.
 Bem, caro primo,  tenho ainda muito a comentar e perguntas que pretendo elaborar brevemente, na verdade fiz uma resumida "leitura dinâmica", agora sim, vou ler demoradamente e devagar para saborear cada parágrafo, cada capítulo, como merece uma obra que trata sobre História de uma maneira tão peculiar, dessa forma como você soube fazer, de forma "romanceada". Aliás, alguém disse:  "A biografia romanceada é um gênero literário de alto risco", imagine você uma Genealogia Romanceada. Você foi um Gênio por tê-lo feito tão bem.
 Parabéns.          
NEWTON LOBO    

Newton Lobo mantém o blog PIANO CLÁSSICO (http://www.pianoclassico.org/), onde se auto-define do seguinte modo: “Músico medíocre e Agricultor no alto da mística Chapada da Ibipaba (berço do Einstein Cearense). Livre pensador; Refinador dos próprios desregramentos!”    

Nosso antepassado João Miguel da Fonseca Lobo
                                                                                                                                                                        

2 comentários:

  1. Primo Arievaldo,
    Seu livro, Sertão em Desencanto, é um patrimônio não só para nossa família, como também para todo aquele que possui a alma sertaneja. Muitos são aqueles que, mesmo sendo de outras 'bandas', se identificam com os 'causos' relatados sempre com muito humor, além dos registros históricos inseridos. Parabéns!

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  2. Primo Arievaldo,
    Seu livro, Sertão em Desencanto, é um patrimônio não só para nossa família, como também para todo aquele que possui a alma sertaneja. Muitos são aqueles que, mesmo sendo de outras 'bandas', se identificam com os 'causos' relatados sempre com muito humor, além dos registros históricos inseridos. Parabéns!

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